E se todos falássemos francês?…

Tempo de leitura: 4 min

em Dezembro 6, 2022

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A relação entre um país e a sua língua ultrapassa os limites físicos e é capaz de atravessar o mundo todo. No entanto, é muito comum as pessoas imaginarem que um determinado idioma é exclusivo de uma nação. É o que ocorre com o francês, por exemplo.

A seguir, vamos listar uma série de países que falam francês e que você nem imaginava. Você sabia que, na Argélia, a língua oficial é o francês? Então, leia o conteúdo até o final e prepare-se para grandes surpresas!

PAÍSES QUE FALAM FRANCÊS

O francês é uma língua bastante procurada pelos brasileiros na hora de estudar um idioma estrangeiro. Como já falamos, ele não é falado apenas na França ou na Guiana Francesa.

O idioma francês é uma língua românica com cerca de 136 milhões de falantes nativos no mundo. É língua oficial em 30 países, a maioria dos quais integra a chamada La Francophonie, a comunidade dos países francófonos. É língua oficial em todas as agências das Nações Unidas e em grande número de organizações internacionais.

São 500 milhões, se incluídos os que a falam como segunda língua ou como língua estrangeira. Além do mais, cerca de 200 milhões de pessoas aprendem francês como língua estrangeira, o que faz dela a segunda língua mais ensinada no mundo seguida do inglês. Há comunidades francófonas em 56 países e territórios.

A maioria dos falantes nativos vive na França, o resto vive essencialmente no Canadá, em particular, na província do Quebec, com minorias nas províncias atlânticas, em Ontário, e pelo resto do Canadá, assim como na Bélgica, na Suíça, em Mônaco, em Luxemburgo e no estado americano da Luisiana. A maioria dos que falam francês como segunda língua vive na África francófona, cujo número excede, pode-se argumentar, o de falantes nativos.

O francês descende do latim falado através do Império Romano, como também o são outras línguas nacionais como o italiano, o português, o espanhol, o romeno e o catalão, e línguas minoritárias como o provençal, o remanche e muitas outras. Seu desenvolvimento também foi influenciado pelas línguas celtas nativas da Gália antes da chegada dos romanos e pela língua frâncica dos invasores francos após a partida dos romanos. 

Além desses países que mencionamos acima, existem outros locais que também adotaram o francês como língua oficial:

  • Benin
  • República do Congo
  • Córsega
  • Gabão
  • Togo
  • Senegal

Durante muitos anos, o francês foi a língua dominante no mundo. Entre os séculos XVII e XX, foi a principal linguagem da diplomacia, dos assuntos internacionais e das classes educadas na Europa. Por isso, alguns dos maiores artistas, filósofos, escritores e pesquisadores do mundo produziram trabalhos nesse idioma.

Basta pensar que o mais recente prêmio Nobel da Literatura foi atribuído a Annie Ernaux, uma escritora e professora francesa. Suas obras literárias, principalmente autobiográficas, romances e memórias, remetem à sociologia. Ernaux foi laureada com o Nobel de Literatura de 2022 “pela coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal”, tornando-se na primeira mulher francesa a ser laureada com o Nobel de Literatura. 

Dessa forma, podemos perceber o prestígio e a capacidade da língua francesa de produzir grandes nomes e grandes obras. Aliás, em 1901, Sully Prudhomme recebeu o Nobel e agora, já são 15 os escritores franceses premiados, mais do que qualquer outra nacionalidade.

Os americanos, por exemplo, foram 12 até agora a receber o Nobel da Literatura, tantos como os britânicos. Apenas houve um vencedor português, José Saramago, em 1998 – que, aliás, permanece também o único premiado de um país de língua oficial portuguesa, apesar de, durante décadas, o brasileiro Jorge Amado ter sido dado como provável escolha da Academia Sueca.

O francês é uma língua de cultura, que a Europa usou para substituir o latim como idioma da diplomacia, mas o francês, a partir de finais do século XX, viu-se relegado para segundo plano pelo inglês como língua franca não só do Velho Continente, mas mundial. 

A grande vantagem de conhecer a língua é o acesso privilegiado não só ao país França em si (e agora a parte da Bélgica, da Suíça ao Luxemburgo), como a uma cultura de grande vitalidade, com uma visão do mundo alternativa à anglo-saxónica, via livros, filmes, jornais franceses e etc. 

Aprender francês abrirá as portas para que você tenha mais acesso à cultura ocidental. Você poderá ler, por exemplo, os escritos de Sartre e de Beauvoir, os poemas de Baudelaire e os livros de Victor Hugo, sem a perda de significados que pode ocorrer nas traduções dos originais. Seu mundo com certeza não será o mesmo depois disso!

É uma pena que em Portugal, perante o inevitável sucesso do inglês como segunda língua (chamada útil para a vida profissional), não estejam mais preservando nas gerações mais novas o conhecimento do francês, como terceira língua (ou mesmo segunda). Cabe à França, através das suas instituições, fazer mais por essa promoção da língua dita de Voltaire, mas que também é a de Ernaux…

E se todos falássemos francês? 

Seria prazer poder ler um Nobel sem tradução… não acha?

Até nosso próximo blog!

Au revoir!

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