Existe uma única escola pública da França metropolitana que oferece uma especialização em português do Brasil para seus alunos do ensino médio, esta escola se chama: Liceu Internacional do Leste Parisiense (LIEP).
Em um prédio novo, com ares modernistas e um grande jardim, cerca de 75 estudantes do ensino médio, têm o “português brasileiro” como sua principal língua estrangeira. A escola ao lado, dedicada aos anos finais do ensino fundamental, reúne outros cem alunos da seção brasileira.
Além de estudar o idioma, esses estudantes assistem a cerca de 6 horas semanais de aulas de literatura, história e cultura brasileira, além de terem uma professora e coordenadora brasileira. A escola foi criada em 2016, ela tem um projeto ambicioso que é o de oferecer educação aprofundada em idiomas e culturas internacionais para estudantes de uma certa área da periferia pobre de Paris, na região de Seine Saint-Denis. Esta decisão tomada pelos coordenadores da escola, foi uma decisão muito política. A ideia era de abrirem um liceu internacional voltado para o novo mundo, e o novo mundo eram os países emergentes e as novas economias.
A escola oferece especialização em quatro línguas: inglês dos Estados Unidos, árabe, chinês e português do Brasil. A especialidade brasileira é uma novidade no território europeu da França.
A única escola pública com aprofundamento em língua, literatura e história brasileira até então estava na Guiana Francesa.
A trajetória começa nos anos finais do ensino fundamental, quando os estudantes podem ingressar no colégio internacional, aos 12 anos. Isso aconteceu com Bruno Naviner, um jovem nascido na França de mãe brasileira, que sempre falou português em casa, seu pai, que é francês, fala perfeitamente o português também. Ele foi para o colégio internacional porque sua mãe queria que ele continuasse a aprender a língua brasileira.
Entre os alunos da seção brasileira, alguns têm raízes familiares na lusofonia, mas mais de um terço são apenas jovens franceses atraídos pela imagem do Brasil, como explica o diretor da escola, Pierre Grand.
“Temos cerca de metade de alunos lusófonos de família portuguesa e temos alguns poucos alunos que são brasileiros ou de família brasileira. Todos os outros são jovens franceses sem relação particular com a língua, mas com vontade de aprender o português do Brasil”, pontua.
O diretor disse também que o Brasil tem um potencial de atração maior do que o português europeu. A escola internacional com especialização em português de Portugal na região, pena para completar suas salas com 25 alunos.
Este interesse vem muitas vezes de clichês, como o futebol, mas também da imagem construída do país ao longo da última década.
A ideia da diretora, Rita Carvalho, é que eles desenvolvam o francês e o português brasileiro ao mesmo tempo. Ela disse que seus alunos vão trabalhar o teatro francês do século 19 e também tentar ao máximo se aproximar disso na literatura brasileira. Em geografia e história, os alunos vão aprender sobre a globalização, a urbanização, a proteção do meio ambiente, temas esses que são próprios do universo brasileiro.
Para potencializar o ensino do português brasileiro, a escola recebe assistentes de ensino diretamente do Brasil para um estágio ao longo do ano escolar. Desde a abertura da escola, seis profissionais já passaram pela escola para trazer novos sotaques e uma visão atual do país.
Além disso, a escola francesa faz projetos em comum com unidades públicas brasileiras para que os estudantes dos dois países façam contato. Atualmente, a parceria acontece com o Centro Paula Souza, da rede estadual paulista.
Esta é uma escola de excelência, apesar de ser uma escola pública, para entrar, os alunos passam por uma forte seleção de acordo com seu histórico escolar. São cerca de 1.000 inscritos por ano, para 200 vagas nas quatro línguas.
Não se pode negar que o Colégio Internacional é um colégio de elite. É um dos melhores colégios públicos da França, isso seguramente atrai os pais que, além da língua ou da seção internacional, vão procurar colocar seus filhos em uma escola que seja de excelência.
A escola também tem pensado na importância da mistura social, mas há uma preocupação, no entanto, para que a escola não se gentrifique ao longo dos anos, recebendo alunos de classes cada vez mais abastadas. Para isso, há projetos feitos com escolas de alta vulnerabilidade social de ensino fundamental para apresentar o colégio e garimpar alunos.
Dessa maneira, a escola forma um quadro bem variado de alunos. Com um terço vindo de famílias de classes populares e 10% de grupos de classe média alta.
O boca a boca sobre a qualidade do ensino na escola tem funcionado. Para o próximo ano, o Liceu terá pela primeira vez duas salas de 1° ano do ensino médio dedicadas ao português do Brasil. Em breve ela deve ter 300 alunos na seção brasileira, e serão o local da França com mais gente aprendendo a língua e a cultura brasileira, esses são os novos projetos da coordenadora.
Esperamos que realmente eles aconteçam e que a língua portuguesa seja cada vez mais difundida.
E aí gostaram da nossa matéria de hoje? Interessante, não é mesmo?
Esperamos que vocês tenham gostado!
Fiquem de olho nas nossas próximas matérias!
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