O termo francofonia foi utilizado pela primeira vez pelo geógrafo Onésime Reclus no fim do século XIX para descrever o grupo de pessoas e países que faziam uso do francês. Ele caiu em desuso até que, nos anos de 1960, em meio aos movimentos de descolonização, foi renascido por impulso de personalidades de países recém-independentes do Sul.
Os representantes políticos de Senegal, Tunísia, Nigéria e Cambodja lutaram pela criação de uma comunidade francófona internacional, que teria como objetivo instrumentalizar o francês para promover a solidariedade, o desenvolvimento e a reaproximação dos povos pelo diálogo entre civilizações.
De acordo com o então presidente senegalês, Léopold Sedar Senghor, “nos escombros do colonialismo, nós encontramos esta ferramenta maravilhosa, a língua francesa”. Algumas décadas mais tarde, os franceses tomaram consciência da existência de um espaço linguístico compartilhado, propício ao engajamento mútuo.
Esta comunidade francófona se organizou, inicialmente, ao redor da criação de uma gama de associações que tinham como ponto comum a língua francesa. O projeto evoluiu sem cessar desde a criação da Agência de Coopération Cultural e Técnica (Agence Coopération Culturelle et Technique – ACCT), que se torna em 1998 na Agência Intergovernamental da Francofonia (Agence Intergouvernementale de la Francophonie) e, finalmente, em 2005, a Organização Internacional da Francofonia (Organization Internationale de la Francophonie – OIF).
Concentração política de mais alto nível, a OIF tem progressivamente reforçado o papel da francofonia no cenário internacional – ela opera como um dispositivo institucional voltado para a promoção do francês como idioma de cooperação política, educativa, econômica e cultural, no seio dos 88 Estados e governos que fazem parte da organização como membros, associados ou observadores.
Dotado de um significado completamente diferente do original, atualmente a Francofonia corresponde ao conjunto de indivíduos que partilham uma língua comum, o francês.
De acordo com o último levantamento do Observatório da língua francesa, publicado em 2018, o francês tem 300 milhões de locutores distribuídos em 106 países e territórios, nos 5 continentes, sendo a 5ª língua mais falada no mundo e a 2ª mais aprendida, com 132 milhões de estudantes.
Existe um mecanismo institucional dedicado desde 1970 à promoção da língua francesa e à implementação da cooperação política, educativa, econômica e cultural nos 88 Estados e governos da Organisation internationale de la Francophonie (OIF) [Organização Internacional da Francofonia].
Este mecanismo está estabelecido na Carta da Francofonia: a sua mais alta autoridade é a Cimeira da Francofonia e a sua pedra angular é a Secretária-Geral da Francofonia, cargo ocupado por Louise Mushikiwabo.
A cooperação multilateral francófona é implementada pela OIF juntamente com a Assemblée parlementaire de la Francophonie [Assembleia Parlamentar da Francofonia] e quatro operadores: a Agence Universitaire de la Francophonie [Agência Universitária da Francofonia], a TV5MONDE, a Association internationale des maires francophones [Associação Internacional de Presidentes de Câmara Francófonos] e a Université Senghor [Universidade Senghor] em Alexandria.
As missões da Francofonia são as seguintes:
· Promover a língua francesa e a diversidade cultural e linguística
· Promover a paz, a democracia e os direitos do Homem
· Apoiar a educação, a formação, o ensino superior e a investigação
· Desenvolver a cooperação económica para o desenvolvimento sustentável
Todos os anos é celebrado a Festa da Francofonia que busca celebrar a diversidade das culturas francófonas e a riqueza da língua francesa. Até hoje, o francês continua sendo considerado como a língua da diplomacia e é a língua oficial de numerosas organizações internacionais (ONU, OCDE, OTAN, União Europeia, UNESCO, Comitê Olímpico Internacional, etc.), bem como de 29 países. Única língua, fora do inglês, a estar presente em todos os continentes, o francês apresenta uma expansão que vai além dos falantes nativos. Nesta ocasião, celebramos a pluralidade das culturas francófonas, e a importância de um idioma que, segundo várias projeções, poderia ser a primeira língua falada no mundo em 2050 pelo rápido crescimento demográfico da África francófona e pela sua vitalidade própria que faz do mundo francófono o espaço linguístico o mais dinâmico do mundo.
Por isso, todos os anos, no dia 20 de março, Dia Internacional da Francofonia, a língua francesa e os valores de solidariedade e de diálogo entre as culturas são celebrados em todo o mundo.
Como a Francofonia impacta na vida das pessoas e dos países que fazem parte?
Desde 1970, a Francofonia, à partida de uma instância de cooperação técnica, tornou-se ao longo do tempo uma organização internacional com ambições mais políticas, tomando a forma da Organização Internacional da Francofonia (OIF), que visa promover a língua francesa e as relações de cooperação entre os 84 países membros e observadores. Este dispositivo é definido pela Carta da Francofonia adaptado em 1997 aquando da Cimeira de Hanói (Vietname) e revisto pela Conferência Ministerial em 2005, em Antananarivo (Madagáscar). O dispositivo inclui órgãos políticos decisórios dos quais o maior é a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo – a Cimeira da Francofonia – que se reúne em cada dois anos.
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