Os franceses:

Tempo de leitura: 5 min

em Junho 28, 2022

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Hoje aqui no nosso blog, estarei falando um pouco sobre as famílias francesas.

Na França, existe um variado número de composições familiares, o que torna difícil falar em um tipo predominante, como seria a família nuclear, composta por pais e filhos. No entanto, ao se examinar o comportamento e o modo de vida dos franceses nos últimos trinta anos, podem-se identificar algumas tendências: a do aumento do número de pessoas vivendo sozinhas, das famílias monoparentais e dos casais sem filhos, assim como a diminuição da proporção de casais com filhos e de arranjos familiares mais complexos, isto é, aqueles em que vivem sob o mesmo teto com outras pessoas além de pais e filhos, independentemente de suas relações consanguíneas. 

De 1968 a 1999, data do último censo demográfico realizado na França, a proporção de homens vivendo sós dobrou e a de mulheres aumentou em um terço, fazendo com que o percentual de residências com uma só pessoa passasse de 20% a 30%. A quantidade de famílias monoparentais mais que dobrou, passando de 3% a mais de 7%. Já os casais sem filhos, que em 1968 representavam pouco mais de 1/5 dos lares, ocupam atualmente 1/4 das residências francesas, enquanto os casais com filhos diminuíram de 36% para 31,5%. Mas a grande redução foi registrada nos arranjos familiares complexos, que caíram de 20% para 5% dos lares, provavelmente devido ao crescente número de idosos que deixaram de morar com seus parentes e passaram a viver sós. Ao se examinarem os dados estatísticos sobre o modo de vida das pessoas, conforme a sua idade e sexo, é possível compreender um pouco melhor a dinâmica familiar dos franceses nos dias de hoje.

Dos 30 aos 44 anos, mais de 60% das francesas e franceses têm filhos e vivem com os seus respectivos companheiros e companheiras, casados ou não, embora cerca de 10% das mulheres, entre 30 e 59 anos, sejam chefes de famílias monoparentais, isto é, vivem apenas com seus filhos e sem companheiro. Entre os 45 e 59 anos, a maior parte dos homens (59%) e grande parte das mulheres (42%) ainda vivem juntos com seus filhos em casa, mas 1/3 delas e mais de 1/4 deles já se encontra vivendo apenas um com o outro, seja porque se uniram tardiamente e não tiveram filhos, seja porque os filhos comuns, já crescidos, saíram de casa para levar as suas vidas independentes. 

Ao chegar à terceira idade, entre os 60 e os 74 anos, a maioria dos homens e mulheres encontram-se vivendo juntos sem qualquer outra pessoa em casa, embora mais de 1/4 das senhoras já viva sozinha. Depois dos 75 anos, quando a população feminina já supera em muito a masculina, quase metade das mulheres se encontra morando só, enquanto apenas 1/5 dos homens vivem nessa condição; a maior parte deles (62%) segue ainda vivendo com sua companheira graças à maior longevidade feminina. Por essa razão é que a proporção de homens idosos vivendo em habitações coletivas, como asilos e casas de repouso, é a metade da de mulheres (21,6%). Paris, provavelmente mais do que qualquer outra cidade da França, é uma cidade de pessoas velhas, sobretudo de senhoras idosas.

Nas regiões mais centrais e turísticas da capital, encontram-se mais jovens, devido, sobremaneira, à grande população estudantil, além de muitos turistas franceses e estrangeiros, o que faz a idade média da população parisiense baixar estatisticamente. Mas, nos bairros mais residenciais de Paris, a quantidade de velhinhos e, especialmente, de velhinhas, é enorme. Poucas imagens são mais tipicamente parisienses do que a de uma velha senhora, baixinha e miúda, com seus gorros e mantôs de lã ou de pele, andando pela rua carregando seus pequenos pacotes de compras ou subindo e descendo dos ônibus da cidade. 

Em Paris e na França, em geral, os idosos têm presença marcante e são respeitados. Nenhum motorista de ônibus ousaria dar arrancadas ou freadas bruscas, o que certamente provocaria quedas e acidentes graves entre a numerosa população idosa transportada diariamente e em todos os horários, e incitaria a indignação e o vivo protesto dos demais passageiros. Por isso os idosos não têm medo de sair à rua, tomar ônibus, metrô, ir às compras e frequentar museus e teatros. Os velhos, além de serem louvavelmente respeitados pelo conjunto da população, desempenham uma função essencial ao equilíbrio e manutenção da sanidade mental dos franceses e, em especial, dos parisienses. Com suas limitações físicas e lentidão de movimentos decorrentes, eles representam um contraponto salutar à ansiedade em que vive a maior parte dos franceses, que estão sempre apressados, reclamando e bufando por tudo e por nada, mas que diante de um lento e atrapalhado, mas simpático e risonho ancião ou anciã, sentem-se constrangidos a retomar o seu controle e a manter a civilidade da qual tanto se orgulham e que os fazem ser respeitados pelo resto do mundo. 

A França e os franceses envelhecem a olhos vistos. E, nesse processo de envelhecimento, amadurecem. O fervor revolucionário de 1789, 1830, 1848 e 1870 não mais os anima nem toca os seus corações. Os franceses de hoje são cada vez mais conservadores, mas não reacionários. Seguem tendo uma perspectiva que se pretende aberta e fraterna sobre o mundo; querem levar os seus valores até onde for possível e forem bem acolhidos, mas sem a pretensão de querer vê-los hegemônicos. A hegemonia cultural deixou de ser perseguida por eles, que hoje se contentam em verem-se como uma alternativa cultural e civilizatória no mundo globalizado e crescentemente americanizado. E, nesse ponto, não lhes falta o que mostrar e oferecer ao mundo. Os franceses têm um sentido estético muito aguçado, que se revela nos cuidados que têm com os detalhes e pequenas coisas que os cercam e povoam o seu cotidiano. E nisso eles são, incontestavelmente, imbatíveis.

Espero que tenham gostado deste texto que é mais a título de curiosidade sobre os costumes dos franceses e a vida na França.

Até o próximo blog! Com mais dicas e curiosidades sobre a França e os franceses!

Este texto foi extraído do livro: Os Franceses de Ricardo Corrêa Coelho.

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