A Universidade e a Expansão do Ensino Superior Francês

Tempo de leitura: 4 min

em Maio 22, 2024

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A França tem uma longa e rica tradição no campo da educação superior, e sua influência no desenvolvimento desse setor em outros países, como o Brasil, é inegável. Nos anos 1930, uma equipe de universitários franceses, incluindo o renomado antropólogo Claude Lévi-Strauss, veio ao Brasil para ajudar na formação da Universidade de São Paulo (USP), uma das primeiras e maiores universidades do país. No entanto, apesar dessa influência inicial, os sistemas de ensino superior dos dois países seguiram caminhos bastante distintos ao longo do tempo.

Diferenças Fundamentais entre os Sistemas de Ensino Superior

Brasil: Modelo Universitário Único

No Brasil, o modelo universitário que combina ensino, pesquisa e extensão é amplamente considerado o padrão ouro da educação superior. Esse modelo é visto como o único desejável tanto pela população quanto pela comunidade acadêmica e pelas autoridades governamentais. Outras formas de instituições de ensino superior, como faculdades e centros universitários, são frequentemente percebidas como de segunda categoria.

A formação de longa duração, com cursos de no mínimo quatro anos, é a norma, e o diploma de bacharel é o mais valorizado. Esse sistema reflete uma mentalidade que privilegia a formação acadêmica tradicional e de longo prazo, muitas vezes em detrimento de outras formas de educação superior mais flexíveis e diversificadas.

França: Diversidade e Flexibilidade

Em contraste, o sistema de ensino superior francês é caracterizado por uma grande diversidade de instituições, durações de cursos e tipos de diplomas. Na França, a universidade é apenas uma das várias opções disponíveis para os estudantes que desejam obter um diploma de ensino superior. Além das universidades, existem as prestigiosas grandes écoles, as Seções de Técnicos Superiores (STS) e os Institutos Universitários de Tecnologia (IUTs).

Universidades e Grandes Écoles

As universidades francesas são acessíveis a qualquer estudante que tenha concluído o ensino secundário e sido aprovado no bac (baccalauréat). No entanto, os diplomas universitários, exceto os de algumas universidades renomadas, não possuem tanto prestígio no mercado de trabalho. As grandes écoles, por outro lado, são altamente seletivas e formam a elite intelectual e econômica do país. O acesso a essas instituições exige a aprovação em um rigoroso concurso, após dois a três anos de cursos preparatórios.

STS e IUTs

Além das universidades e grandes écoles, a França oferece outras formas de educação superior, como as Seções de Técnicos Superiores (STS) e os Institutos Universitários de Tecnologia (IUTs). As STS, geralmente localizadas em liceus, oferecem cursos de dois anos que conferem o diploma de Brevet de Technicien Supérieur (BTS), permitindo uma rápida inserção no mercado de trabalho. Os IUTs, ligados a universidades, também oferecem cursos de dois anos em áreas tecnológicas e de serviços, resultando em um diploma universitário de tecnologia.

Reformas e Evolução do Sistema Francês

O sistema de ensino superior francês passou por várias reformas ao longo das décadas para se alinhar com os padrões europeus e responder às demandas do mercado de trabalho. Até os anos 1980, o percurso acadêmico era bastante longo e complexo, com dois doutorados sucessivos. A partir de 1998, o sistema foi simplificado para a fórmula bac + 3 + 2 + 3, ou seja, três anos de graduação, dois de master e três ou mais de doutorado.

Desafios e Perspectivas

Apesar das reformas e da diversidade de opções, o sistema de ensino superior francês enfrenta desafios significativos. Um fenômeno recente, descrito pela socióloga Marie Duru-Bellat como “inflação escolar”, destaca a desvalorização dos diplomas devido ao aumento do nível educacional sem a correspondente expansão dos postos de trabalho qualificados. Esse fenômeno gera frustração entre os graduados, que muitas vezes não conseguem melhorar suas condições de vida apesar de seus esforços educacionais.

Comparações Internacionais

A situação na França contrasta com a de países como a China, onde as condições de trabalho e remuneração são vistas de forma mais positiva pelos trabalhadores, apesar de serem inferiores aos padrões ocidentais. Na França, a sensação de incerteza quanto ao futuro é prevalente, especialmente entre aqueles que não conseguem ingressar nas grandes écoles.

Conclusão

A comparação entre os sistemas de ensino superior do Brasil e da França revela diferenças fundamentais em termos de estrutura, prestígio e acessibilidade. Enquanto o Brasil adota um modelo universitário único e de longa duração, a França oferece uma variedade de opções que atendem a diferentes necessidades e perfis de estudantes. No entanto, ambos os sistemas enfrentam desafios em adaptar-se às mudanças econômicas e sociais, buscando equilibrar a oferta educacional com as demandas do mercado de trabalho.

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